Marcel Duchamp inventou o termo ready-made em 1915. É a arte criada a partir do uso indisfarçável, mas muitas vezes modificados, de objetos que normalmente não são considerados arte, porque muitas vezes eles já têm uma função não-arte. Deriva a sua identidade como arte da designação que lhe é colocada pelo artista. O contexto em que está inserido (por exemplo uma galeria ou museu) geralmente é também um fator extremamente relevante. A idéia de dignificação de objetos corriqueiros desta forma foi originalmente um desafio chocante para a distinção entre o que foi aceito/considerado arte em oposição a não-arte. Neste sentido, o artista dá tempo e palco à platéia para contemplar um objeto. A apreciação do objet trouvé desta forma solicita a reflexão filosófica no observador.
Hoje, de maneira bem mais simples, faço uso da câmera fotográfica de um telefone celular. Encontrei um objeto e rapidamente o olhar do artista percebeu nesse amontoado encostado na parede uma força expressiva.
Fotografei.
E agora?
É o registro de uma efemeridade, de um objeto que nomeei arte ou uma foto bem composta?
Não sei. Aliás, para que saber?
"Pensar enfeia", bem disse Wilde.
Só sei que essas portas descascadas, as texturas, as cores, as formas, a luz desse intante fez esse amontoado lindo e forte.
Aquilo tudo apodrecerá e amanhã, depois de uma chuva, deverá existir outro conjunto interessante de ser visto e eternizado.
Isso é arte por que um artista assim o quer.
Arte é o que o artista faz. Artista é a criatura que faz arte.
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